Cidade conhecida por suas cachoeiras, Bonito reserva também uma pequena mostra da diversidade ambiental de Pernambuco. Entre córregos e pés de serra, o município situado na faixa de transição da Zona da Mata para o Agreste abriga, pelo menos, 15 espécies de anfíbios, 14 de répteis, 27 de mamíferos e 150 aves. Os números são resultado de um levantamento científico que foi reunido no livro recém-lançado Bonito Pernambuco: História e Ecologia. Organizado pelo fotógrafo Kleber de Burgos, a obra apresenta estudos de oito coautores responsáveis pelos capítulos e inclui ainda a colaboração de outros 22 pesquisadores. Mais do que isso, faz um registro da natureza e se transforma em um apelo pela preservação.
O organizador
acredita que, considerando o trabalho de campo de todos os autores, o
levantamento soma o período de cinco anos de pesquisas. ´O objetivo era
criar um produto para profissionais e leigos preocupados em reconhecer a
natureza. Acredito que criamos subsídios para o desenvolvimento de
várias ações de preservação`, afirmou o fotojornalista, citando o
mapeamento realizado da fauna e da flora da região. Uma das
justificativas para a biodiversidade da área, segundo os especialistas, é
a posição geográfica do município, favorecido por apresentar
características de dois biomas, a floresta da Zona da Mata e a savana do
Agreste.
Um perfil que atraiu a
atenção de pesquisadores do Smithsonian Institute, nos EUA, que
estiveram na região, em 1884, para coletar espécies da fauna e da flora.
´Eles encontraram uma paisagem totalmente diferente da atual, uma vez
que, hoje, temos apenas 7,3% da área original de floresta atlântica`,
lembra o presidente do conselho consultivo do Grupo Sabiá-da-Mata,
Douglas Cintra. Atualmente, os resquícios de mata atlântica de
Pernambuco fazem parte da área considerada como a mais ameaçada do
ecossistema, em parte, pelo extensivo plantio de cana-de-açúcar na
década de 1970.
Registro
No
capítulo Aves de Bonito, a equipe da Associação de Observadores de Aves
de Pernambuco (OAP) apresenta osprimeiros resultados do inventário
realizado na região do Engenho Barra Azul, Véu de Noiva, Bonito Eco Park
e Pedra do Rodeadouro. Durante as caminhadas, que tiveram o apoio de
registro visual e sonoro (com gravadores), os observadores
contabilizaram 150 espécies de aves nas três áreas investigadas em
aproximadamente 25 horas de trabalho de campo. Das aves identificadas,
oito estão ameaçadas de extinção e sete são endêmicas (exclusivas da
região).
´A área possui
tanta diversidade que fizemos os primeiros registros de algumas espécies
para o estado`, destacou o biólogo Glauco Pereira, citando o curicaca
(Theristicus caudatus) e o tororó (Poecilotriccus plumbeiceps). Ele
ressalta que o resultado das expedições reforçou a importância de
proteção e conservação da área. Um tom que todos os autores mantiveram
com o intuito de revelar Bonito.
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